quarta-feira, 16 de junho de 2010

Aldeia Ywyty guaçú - o renascer de uma história


Visitei esta aldeia e achei sensacional. Segue matéria publicada no Jornal Maranduba News:

Localizada aos pés do Pico do Corcovado, a aldeia Renascer é mais que um ponto de atração turística, é considerada um dos elos do processo de formação de nosso povo, já que os índios foram os primeiros moradores de nosso país e que em nosso litoral realizaram eventos de repercussão internacional, como a Confederação dos Tamoios e a Paz de Iperoig.
De raiz Tupi e Guarani, a aldeia possui 11 famílias num total de 70 pessoas distribuídas em 2.500 hectares de belas paisagens e rios de águas cristalinas. De relevante importância à formação da identidade do povo brasileiro, os índios que lá habitam aprenderam a trabalhar as ferramentas tecnológicas e de informação de nosso século. Povo ordeiro e tranqüilo, o local está aberto à visitação pública, desde que avisada com antecedência. Além das áreas de interesse cultural, antropológico, cênicos e ambiental, o local possui uma escola que funciona em três turnos de aulas. Pela Manhã são três séries (1ª,2ª e 3°), a tarde a 4ª série e educação infantil e a noite o EJA (Educação de Jovens e Adultos). O local possui acesso a internet via satélite, o que mantém os professores “antenados” não só as outras tribos, mas também aos avanços globais e temas mundiais, regionais e local aos interesses indígenas.
A constituição de 1988 assegurou a nação indígena o direito a educação, inclusive diretrizes especificas da Educação Escolar Indígena. Em todo o Brasil são pouco mais de 2.500 escolas indígenas distribuídas em 24 estados. Só em São Paulo são 1.500 alunos distribuídas por 30 escolas, onde as aldeias somam aproximadamente 5000 índios. Nestas escolas os professores passam por capacitação profissional especifica já que as aulas são bilíngües. Atualmente grande parte dos professores indígenas possui nível superior, como é no caso do professor Awa Kiririndju (Cristiano de Lima), 25, formado em pedagogia pela Universidade de São Paulo-USP. É interessante acompanhar uma aula bilíngüe, já que quem mais aprende é o observador, os temas são os cotidianos e as palavras retiradas da localidade. Kiririndju informa que existe procura para estágios na escola E.E.I. Profª. Aldeia Renascer – Penha Mitãngwe Nimboea.
Com visão a respeitabilidade, ao conhecimento da história da formação do município e do país, ao atrativo turístico e cultural, especialistas apontam várias vantagens a inserção na grade curricular escolar a temática sobre a história indígena, principalmente em Ubatuba que é celeiro de importantes acontecimentos com esta primeira população.
A escola tem potencial para vários projetos educacionais e de pesquisa, o que traz a região investimentos e colaboração científica. Estudantes e especialistas cada vez mais procuram temas relacionados à formação do povo brasileiro, como é também com os quilombolas e comunidades tradicionais.
Na década de 1970, havia um pensamento de que o desaparecimento da população indígena seria inevitável, felizmente nos anos seguintes o quadro mudou, com um crescimento de 3,5% ao ano, a população indígena aumentou e continua a lutar para manter suas terras e costumes. Segundo estudos do antropólogo Darcy Ribeiro, existiam 6 milhões de indígenas e mais de mil etnias em 1.500, hoje são cerca de 550 mil índios distribuídos em 230 grupos, que falam 180 línguas diferentes.
O local foi palco do épico filme sobre o primeiro turista e aventureiro a registrar a vida dos índios do Brasil, o filme trata de Hans Staden cujo título é “Lá vem nossa comida pulando”. O título do filme se refere ao aventureiro alemão como comida dos índios Tupinambá, já que eles praticavam a antropofagia (ato de consumir uma parte, várias partes ou a totalidade de um ser humano). O sentido etimológico original da palavra “antropófago” (do grego anthropos, “homem” e phagein, “comer”) foi sendo substituído pelo uso comum, que designa o caso particular de canibalismo na espécie humana.

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